Domingo desses fui ao cinema do Centro Municipal de Cultura assistir ao filme O Amor é Estranho. Delícia de programa! Eu e meu amigo Rodrigo arrematamos a programação com um café bem quentinho e cheio de chantilly – o filme merecia reflexão e comentários.
Trata-se de um casal homossexual que vive um relacionamento há quarenta anos e decide, então, oficializá-lo. Todos sabem da relação dos dois homens: família, amigos, vizinhos, colegas de trabalho… Acontece que a formalização da união provoca um desconforto na instituição cristã onde um deles dá aulas de música, e ele acaba demitido. Com dificuldades para manter o apartamento onde vivem, são obrigados a vender o imóvel e passam a morar em casas separadas, acolhidos por parentes e amigos, enquanto encontram um novo lugar. O resto do filme eu não conto, vale assistir. A direção é delicada – sutilmente destaca o amor, e o rancor.
Passaram-se algumas semanas e, observando ao meu redor, me vejo obrigada a continuar refletindo sobre o filme.
Dias atrás escutei uma senhora dizer que acha um exagero o que estão mostrando na novela Babilônia, da qual eu nunca assisti nenhuma cena, confesso. Ela se perguntava se não era “nocivo” para os jovens que toda a novela tivesse um casal gay. Chegou a dizer repetidas vezes que não era preconceituosa (aham!!!), mas que com tamanha exposição de casais gays na mídia fica parecendo que normal é ser gay e não ser hetero. Oi???????
Foi inevitável lembrar do filme… Normal? Nocivo? Nociva é a hipocrisia. Nocivo ao lindo amor retratado no filme foi o comportamento do padre que diz ao professor de música que com a oficialização da união dele com seu companheiro a Arquidiocese não teria mais como fingir que não sabia da homossexualidade do professor. Mas fingir pra quê? Pra quem?
Eu acho tão last season esse tipo de preocupação… Pessoas precisam crescer respeitando pessoas, sem medo, sem drama! Você não precisa ser gay para respeitar um homossexual. Você não precisa praticar alguma coisa para reconhecê-la como “normal”. Mas se você tem medo do que vão pensar, bom, daí vale uma autoanálise – você pode estar com preconceito de si mesmo!
Olha o trailer do filme e me diz se eu estou louca por pensar que a hipocrisia pode causar danos irreversíveis.
O amor é estranho mesmo… e nós somos meros normais! 😉
3 Comentários
[…] estrago que o preconceito pode fazer na vida das pessoas é incalculável. Já escrevi sobre isso aqui, quando contei do filme "O Amor é Estranho". Precisamos nos insurgir contra o preconceito e apoiar […]
Esqueci de falar, pensei que a homosexualidade masculina na Tv causava mais polêmica que a feminina. Mas a quantidade de mulheres indignadas com o casal de senhoras é, no mínimo intrigante.
Em uma outra novela, o casal gay feminino era formado por jovens e belas. Não vi tanta indignação.
Conheço um casal de senhoras, vivem juntas há décadas e por anos se disseram irmãs para não chocar a vizinhança.
FORA HIPOCRISIA, já cansou, já caiu de moda. Apodreceu.
Amei esse post. Quero esse filme. Obrigada Danny Hellen.